Narrativas do entre-lugar: as fronteiras do pertencimento em Maureen Bisilliat
Entre-lugar; pertencimento; fotografia
Essa dissertação aborda, através da pesquisa realizada, as noções de fronteira, pertencimento e expressão da subjetividade no fazer artístico, questionando o conceito de fronteira geográfica e a consideração de uma interpretação vertical sobre essa delimitação física do espaço versus uma noção subjetiva do pertencimento e das territorialidades construídas pelo sujeito no seu espaço. A partir do conceito de entre-lugar de Homi Bhabha em seu livro O local da Cultura (1998) trataremos a compreensão de narrativas plurais e os tensionamentos e conflitos sob as quais são construídas as noções de fronteira entre o sujeito e a complexa rede de construtos culturais. No exercício da reflexão dentro do espaço das teorias da Cultura (Bhabha, 1998, Hall, 1999) lançaremos o olhar para o livro A João Guimarães Rosa (1969), da fotógrafa Maureen Bisilliat, especialmente a narrativa fotográfica presente na obra com o intuito de discutir como a expressão artística permeia a construção de um espaço de pertencimento subjetivo transformando a experiência do sujeito no espaço geográfico. A pesquisa proposta, partindo de um fazer artístico, ainda que não tenha como objetivo específico problematizar categorias e métodos tradicionais de pesquisa, demonstra a necessidade de novas formas de observar e discutir ações artísticas. Considerando, assim, a relevância de um estudo que se propõe transdisciplinar, pela encruzilhada de saberes de áreas como Estudos Culturais, Teorias da Comunicação, artes visuais, psicologia, filosofia, dentre outros e que marca a possibilidade de envolver áreas estruturantes para o entendimento da comunicação e da cultura enquanto produtos e expressão do sujeito. O texto apresentado aqui pode, também, ser compreendido como um discurso artístico a partir do questionamento da polarização entre teoria e prática, exercitando transbordar as próprias fronteiras entre a arte e a vida.